segunda-feira, 30 de agosto de 2010

TENDÊNCIA FORMATIVA

Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.


É a partir da tendência para a ação, a tendência atualizativa, tendência atualizante, que, ontologicamente, nos mobilizamos, agi-mos, nos atualizamos. Sempre e constantemente.
A tendência atualizante, a tendência para a ação, que nos é inerente, manifesta-se fenomenologicamente. (Rogers, .).
Ou seja, a tendência atualizante -- tendência para a ação, atualização -- caracteristicamente, impregna toda a momentaneidade da vivência de nosso modo fenomenológico e existencial, ativo, hermenêutico, e dialógico, de sermos. O nosso modo fenomenológico e existencial de sermos é, todo ele, ação, como diria Buber (Buber,). A ele referindo-se como o modo eu-tu de sermos.
Nosso modo de sermos fenomenológico existencial -- todo ele impregnado pela tendência atualizante, portanto, é, todo ele, im-pregnado pela ação. Assim o é, na medida em que é, todo ele, im-pregnado de possibilidade, de potência; que é força, no sentido plás-tico de potência criativa.
Potência que se atualiza, que se constitui em ação. Que consti-tui, fenomenologicamente, as formas compreensivas, e implicativas da vivência, e dos produtos da ação.

A vivência de nosso modo fenomenológico existencial de ser-mos, a vivência de nossa tendência atualizante, a vivência da ação, é, por isto, compreensiva, e poiética. Na mesma medida em que é implicativa, e páthica.
É compreensiva porque, na sua vivência, a possibilidade, em sua potência formativa, se constitui, compreensivamente, como consciência fenomenológico existencial, pré-reflexiva – cum-preensão.
De modo que há uma constituição da possibilidade como cons-ciência, pré-reflexiva -- fenomenológica. Há uma preensão da possi-bilidade como consciência, uma apreensão da possibilidade, compre-ensão, em sua formação, em seu desdobramento, em seu attum.

A possibilidade, que se desdobra em ação, inter-pret-ação -- a que se refere a tendência atualizante -- é possibilidade de quê?
Precipuamente, é possibilidade de Forma (Gestalt, Gestaltação).
É possibilidade de Formação.
A possibilidade, a potência, que se manifesta fenomenológico existencialmente, é, característica e eminentemente, form-ativa, form-ação compreensiva.
Este é, assim, fenomenológico existencial, o modo de sermos cum(a)preensão (da possibilidade) em seu desdobramento; em sua ação, atualização.
Por isso, pois, que a vivência de nosso modo fenomenológico existencial, a vivência de nossa tendência para a ação, de nossa tendência atualizante, de nossa ação, atualização, como desdobramento fenomenológico existencial de possibilidades, como tendência formativa, é, eminentemente, compreensiva, é própria e especificamente da ordem da compreensão.

O modo teorético, e o modo comportamental de sermos não comportam a compreensão, não são compreensivos, nem implicati-vos; mas explicativos.

A vivência do nosso modo fenomenológico existencial de ser-mos, a vivência de nossa tendência atualizante, tendência para a ação, de nossa ação, atualização; a vivência de nossa tendência for-mativa é, ainda, característica e eminentemente, Poiética.
Ou seja, se configura como o modo Poiético de sermos, e de conhecermos. Modo este de sermos preconizado por Aristóteles, em alternância ao modo Teorético, e ao modo Prático de sermos-e-de-conhecermos. Sua característica Poi-ética sendo, própria e especificamente, a de que nele, criativamente, vivenciamos Possi-bilidade, e o desdobramento das possibilidades, a ação, em suas formas criativas, de vivência, e de objetivação.

A vivência da ação, decorrente das possibilidades do que podemos chamar de tendência para a atualização, em nosso modo fenomenológico existencial, poiético, de sermos é ainda da ordem da implicação – e não da ordem da ex-plicação.
A ex-plicação caracteriza o modo teorético, e o modo compor-tamental de sermos. Ou seja, na explicação, no modo teorético de sermos, nós contemplamos e apreciamos teóricamente – como es-pectadores -- os produtos de nossa poiese, os produtos objetivados da vivência de nossa ação. Explicativamente, ou seja, não implicati-vamente, no modo comportamental de sermos nós repetimos ativi-dades padronizadas, que,em sua repetição não trazem a possibilida-de, a vivência de possibilidade, e o seu desdobramento, na ação.
Na implicação, não somos espectadores. Nem nos movimen-tamos mecanicamente ao modo de sermos de nossa atividade padronizada e repetitiva, de nosso comportamento.
Na implicação, no modo de sermos, fenomenológico existencial, da Implicação, somos atores na vivência da ação, como desdobramento de possibilidades. Estamos implicados – e não na ex-plicação – estamos na vivência do desdobramento da possibilidades.
Ou seja, na implicação, no modo implicativo de sermos, na dialógica do desdobramento da possibilidade, não nos damos como sujeitos, na relação com objetos. Mas como agentes, na inter-ação de uma dialógica eu-tu.
E, tudo que o tu não é, na dialógica eu-tu, é objeto.
Nem o eu é sujeito.
Na ação, na atualização da possibilidade, eu e tu estão necessariamente vinculados, na dialógica da vivência. E é esta viculação dialógica que chamamos de implicação.
Na ex-plicação, teórica, ou comportamental, rompe-se a vinculação dialógica entre eu-tu; e se constitui o isso, e o eu do eu-isso. O objeto – o isso do eu-isso --, e o sujeito, que originariamente não têm a vinculação dialógica. Não estão implicados.

Páthicas, Empthicas, são, ainda, a tendência atualizante, a atualização, a ação; e a sua correlativa Tendência Formativa.
O aspecto páthico, Empático da Tendência Atualizante e da Tendência Formativa remetem à característica de que, em sua operação, elas são eminentemente fenomenológico existenciais. O seu aspecto Páthico, Empáthico referindo-se ao fato de que, em sua operação fenomenológico existencial elas são da ordem pathica, empathica de nossa sensibilidade emocionada.
O Pathos em sua acepção Grega originária, e não na acepção Latina, tem este sentido de que, fenomenológico existencial, é o modo de sermos que é marcado pela emoção, o modo de sermos no qual naturalmente vigora a emoção. O pathos, a Empatia, fenomenológico existencial, é o modo de sermos da sensibilidade emocionada.
A atualização, a ação – da tendência atualizante; e a formação, a performação – de sua tendência formativa; eminentemente fenomenológico existenciais, hermenêuticas e dialógicas, são, assim, eminentemente páthicas, empáticas, em suas operações.

Assim, a partir da emergência, configuração, e desdobramento da possibilidade, a ação, em nossa tendência para a ação, é sempre form-ação, per-form-ação. É, sempre, assim, tendência formativa.
E, portanto, performance, sempre.
A ação é sempre, igualmente, inter-pret-ação. É, sempre, her-menêutica.
Naturalmente, interpretação, hermenêutica, compreensivas, fenomenológico existenciais, implicativas – ao contrário da interpretação ex-plicativa.
A ação, a tendência atualizante, e sua tendência formativa são ainda pathicas, empathicas, patéticas, empatéticas.

Form-ação, sempre, assim, a ação é sempre formativa.

De modo que a tendência atualizante é sempre tendência for-mativa – em seu caráter intrinsecamente compreensivo, fenomenológico existencial, e hermenêutico. É a tendência para as intrínsecas formas da vivência da ação, e de seus produtos.
As formas da tendência formativa da tendência atualizante são as formas intangíveis, e as formas tangíveis da vivência, da sequên-cia da ação, da atualização; e a forma de seus produtos.
Podem estas formas ser (1) meramente compreensivas, ou (2) compreensivas e musculativas; e as suas resultantes criativas, coisifi-cadas, objetivas.

De modo que é a tendência formativa que deriva, que é uma dimensão, da tendência atualizante. A formação é uma característica da ação – que é compreensiva.
Toda ação é formação, toda a ação é formativa. Performativa, per-form-ática, per-formação, performance.
E é esta vivência da form-ação que é especificamente a ação – da tendência atualizante que nos constitui, e que constitui o mundo que nos diz respeito.
De modo que a tendência atualizante, a tendência formativa, são vivenciais, são fenomenológico existenciais, e dialógicas, são hermenêuticas, compreensivas, poiéticas, e empáticas.

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